Confesso que nunca tive muita paciência para os melodramas típicos de gaja. E com o avançar da idade, cada vez tenho menos. Nos últimos tempos então, talvez fruto do estado de nidificação em que me encontro, escondo-me no meu canto, não procuro muito as pessoas porque na sua grande maioria me aborrecem, ou me enervam, ou me decepcionam e, de certo modo, é como se quisesse proteger os ouvidos puros do meu bebé de conversas de merda e chachadas alheias, que em nada beneficiam o desenvolvimento do seu sistema nervoso. De vez em quando, deixo que me procurem, mas não dou muito espaço para operetas e períodos de introspecção, cheios de filosofias e complexidades. Ando demasiado voltada para o meu umbigo útero, para o meu lar, aquilo que é meu, me interessa e me apaixona. Sou uma cabra, portanto!
Cada vez mais tenho necessidade de me rodear de pessoas positivas, com uma boa energia, que sabem rir e que me fazem rir muito [não é a típica pessoa-palhaço, até porque palhaços me dão fanicos, mas pessoas que gostam de amena cavaqueira, de dizer baboseiras e rir das suas próprias e das alheias].
E, portanto, uma pessoa pouco dada a conversas parvas de gajas sofre um bocado quando constata que cada vez mais há gajos que são umas drama queens do piorio. E se não tem paciência para umas ainda menos paciência tem para outros.
Eu aprecio um gajo sensível, no sentido de não ser um perfeito trolha, com comportamentos altamente burgessos como coçar o escroto em público, arrotar e cuspir para o chão. Um gajo que sabe conversar e que não tem problemas em falar do que sente, do que gosta, do que não gosta e que, no processo, me trate com respeito enquanto gaja.
Mas a coisa tem de ter limites. Já me assusta pensar que qualquer dia vou ter de levar com gajos que se sentam ao meu lado, a conversar sobre os dramas da sua vidinha, enquanto sacam de uma lima e começam a tratar das unhas!