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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Happy Birthday to me!

Sim, hoje é dia de festa aqui para a menina! Vá, tudo a mandar beijinhos, felicitações, prendinhas e assim. Que eu mereço. E estou de TPM em dia de aniversário. Portanto, eu hoje era menina para ter um bolito igual ao que se apresenta. E, claro, era todo só para mim. Para vós servia apenas para me cantarem os Parabéns e me verem soprar as velas. E depois pronto, podiam dar as prendinhas e ir às vossas vidinhas que eu iria lambuzar-me de chocolate. Não até cair de cú, porque ainda está sensível, mas até me sair chocolate pelos olhinhos. Ou pelas ancas. 

 

 

PS - E escusam de vir com a piada de ser o Halloween, e o Dia das Bruxas, e "ahahah, nasceste no Dia das Bruxas", e "onde está a vassoura?". Porque em 35 anos [ainda estou a pensar se vou aceitar entrar nos 36], nunca ouvi essas piadas, e devo estar a precisar de ouvir novamente.

Eu referi que estava com o TPM. Portanto, não digam que não avisei. Mas, se me oferecerem chocolate, sou capaz de fechar os olhos e até achar piada a alguma graçola.

 

 

 

Ai, a calçada portuguesa é tão linda! Devia ser património da Humanidade!

E porque é muito linda. E porque é única. E porque é um símbolo de Portugal. Sim, está bem! Certo é que a bela da calçada, pelo menos a mim, que sou um bocado taralhoca, me condiciona e muito. Eu também gostava muito de ser uma moçoila que se arranja e calça o belo salto alto. De vez em quando até invisto num salto alto, porque até diz o Semi-Deus que um saltinho me favorece, derivados de ser este meio-bilhete que aqui anda. E as senhoras ficam muito mais sexys e mi-mi-mi. A realidade é que os saltos ficam em casa a ganhar pó ou teias de aranha, porque raramente os calço, especialmente se tiver de ir para Lisboa. E se souber que tenho de dar mais do que dois passos e meio em cima da calçada. Ora porque fico com os saltos enfiados no meio das pedras, e depois não consigo tirar, ou consigo mas ficam logo todos esfolados. Ora porque escorrego. Ora porque como os passeios são muito irregulares, fico cheia de dores nos ossos dos pés, como se estivesse a andar descalça. Se calhar é defeito meu e falta de jeito para andar com sapatos lindos. E, portanto, como dizia, a calçada condiciona-me, porque às vezes até me apetecia calçar um salto, mas à última da hora corto-me e enfio o saco de batatas pela cabeça e uma sapatona deselegante nos pés. Que é para ir confortável e não me chatear. Vai daí que me aborrece não poder ir trabalhar toda gira e boa (efeito dos saltos, claro) e enfiar ténis que é para ser prático e bom e ficar meio-bilhete e com ar abandalhado. E aborrece-me ainda mais, depois disso, ter dado um bate-cú na calçada ontem. Porque na maioria dos sítios a calçada está tremendamente polida e então é muito boa para escorregar sempre que chove. Ou até sempre que está um nevoeiro intenso, daqueles que deixa o chão molhado, como se tivesse estado a chover. E, pronto, é isso. Uma pessoa já vem deselegante e depois ainda tralha no meio da rua, porque até com a merda dos ténis se escorrega. O que é muito elegante e muito contribui para a auto-estima de uma pessoa. E dói-me o rabo ainda, está bom de ver!

 

Deserdo-a ou rifo-a só?

A Madalena há bocado virou-se para mim e disse "Ó, mãe, olha para isto! Estás tão gorda hoje!" - enquanto me apalpava a barriga.

Está parva ou dou-lhe um estalo? Ou deserdo-a? Ou rifo-a? Ou tudo?

 

 

Mas pronto, pode ser que seja só hoje. Efeitos de muito crepe de chocolate no fim-de-semana, e pizza, e sangria, e bolo de aniversário.

 

Sou tão prendada que até me vêm as lágrimas aos olhos...

Coisa que sempre me deu calafrios foi tudo o que tenha a ver com desenhos, pinturas, trabalhos manuais e essa treta. Um dos meus grandes stresses na escola sempre foram as aulas de Educação Visual e Trabalhos Manuais. Eu acho que nem dormia bem nas vésperas dessas aulas. E odiava sempre os professores. Eles não eram maus. Só que percebiam que eu não era nada boa. Nunca tive jeito, sempre me saiu tudo atabalhoado e o que eu queria é que se esquecessem de vir espreitar o que eu tinha feito ou estava a fazer. De vez em quando dá-me para os bricolages e para mudar bibelots de sítio e assim, mas isso sou eu armada em decoradora de interiores fina, só que é aqui em casa onde a malta se disser que está feio fica sem jantar, ou janta sopa ou peixe (com espinhas). Tudo o que é assim coisas para mostrar no me gusta. Vai daí que, uma pessoa quando é mãe, e tem os putos em escolas e creches, de vez em quando os Professores/Educadores acham muita graça chatear solicitar a ajuda dos pais para fazer coisinhas mi-mi-mi, e colagens, e pinturinhas e assim, para ajudar os meninos a fazer coisinhas e nhónhónhó. E quem diz pais, já se sabe que quem leva sempre com o nhó é a mãe, de quem se espera sempre que seja prendada. E, portanto, esta semana a creche do Marcos decidiu que o que era muito giro era as mamãs se dedicarem a fazer e/ou decorar saquinhos de pão de pano, para os bebés irem brincar ao Pão por Deus. Eu cá acho muito bem que eles brinquem muito, ao Pão por Deus e à apanhada e assim. Mas fiquei um bocado tremeliques quando me vieram cá pedir bricolages para a escolinha. Porque uma pessoa se não faz, é a mãe desnaturada que não participa nestas coisas fofinhas. Se faz, é bom que fique giro e tal, senão fica logo conotada como "aquela mãe que tem jeitinho zero para fazer coisinhas mi-mi-mi". E, portanto, de repente tive um flashback aos tempos de escola e o que eu queria mesmo era fugir, que é como quem diz baldar-me à cena. Mas pronto, depois desceu eu mim a mãe responsável e prendada (coff coff) e lá fui eu ontem enfiar-me numa retrosaria e pedir por favor à senhora que me arranjasse um saquinho de pão já feito (porque se tivesse de ser eu a fazer nem quero pensar com que formato iria ficar). Ufa, havia! Então e agora decoro isto como? Arranje-me lá coisas práticas e giras, assim que não me cansem muito, não me estraguem as unhas e que fiquem bem. Que é para até parecer que eu fiz qualquer coisa. Ah e tal, tem aqui umas coisinhas giras daquelas de colar com o ferro! É isso mesmo! Siga. E pronto, não ficou um saco digno do meu bebé, que tem uma mãe sem jeito para estas coisas?

 

 

Depois chego lá à creche e vejo os outros sacos feitos pelas mães prendadas, todas dedicadas aos bordados, e ponto cruz, e patchwork e outras coisas assim. E eu tenho só isto colado com cuspo. Ao menos espero que as merdinhas que se colaram não descolem até lá. Se cairem depois, já não é problema meu. É porque não manusearam com cuidado. Tenho dito!

 

Está tudo morto! Ai, tudo morto não, que isto agora já não se pode morrer, que o Gaspar não deixa!

Sempre me lembro de ouvir dizer que existiam alguns negócios que seriam sempre prósperos - comes & bebes, farmácias e funerárias.

Os comes&bebes enfim, já há algum tempo que acontece berrarem muitos ao fim de pouco tempo, muitas vezes fruto de se criarem sítios armados ao pingarelho com comida de caca e a preços que valha-me Deus. E mesmo sítios mais antigos, de vez em quando lá cai um, por má gestão, porque as pessoas estão a ir comer fora menos vezes, etc, e todo um estudo de mercado que agora não tenho tempo para fazer.

Mas pronto, a malta ainda tinha aquele sentido de segurança, porque enquanto as farmácias e as funerárias estivessem de pé é porque estava tudo bem. As pessoas irão sempre adoecer e precisar de medicamentos e irão sempre coiso e, portanto, as funerárias tinham sempre clientela garantida. Nada assim muito em massa, felizmente, mas um negociozinho regular, como se quer.

Agora as farmácias estão de luto, ou lá o que é. Uma pessoa vai a uma farmácia e às vezes não há certos medicamentos. Estão esgotados e não têm previsão (ainda me lembro de andar aflita com azia quando estava grávida, numa aventura em busca dos Kompensan desaparecidos do mercado, e vai de chá, e vai de não jantar, e vai de papas de aveia). E é farmácias a fechar. Uma grande complicação, porque o negócio está em crise.

Agora o Governo até se lembrou de cortar nisto da malta poder morrer em paz e ter dinheiro para o funeral. Até morrer está pela hora da morte! Isto está que não se pode! E, lá está, se até aqui já havia muita gente com dificuldade em pagar o funeral de um familiar (muito mais do que se imagina), porque isto sempre foi um negócio muito caro - o que nunca compreendi, com todo o respeito que os mortos merecem, aquilo é tudo para ir para debaixo do chão e ser comido e, portanto, sempre achei as funerárias um bocado usurárias, a aproveitarem-se dos momentos de grande fragilidade das pessoas - agora é a crise no sector lutuário (nunca tinha ouvido o termo, sempre a aprender), porque com as reduções nos subsídios de funeral estamos muitos condenados a um "funeral social". Que deve ser uma coisa boa, com 400€, deve dar para caixão de esferovite ou cartão, sem missas e velórios e essas coisas, e também não deve dar para ir para um cemitério, ou ter uma lápide decente e assim. Isto deve acabar tudo em valas comuns. Tipo lixeiras municipais.

Isto está tudo pensado, estes senhores do Governo são uns génios. Acaba-se com a mama dos subsídios para funeral, a malta está ali quase a morrer mas depois desiste, porque pensa nos custos que isso implica para as suas famílias e pensa "deixa-me lá mas é estar quieto e continuar a trabalhar!". As reformas também estão em crise, portanto, a malta já não tem grande motivação para se reformar, e assim é mais fácil alterar a idade da reforma para os 120 anos. Ou acabar mesmo com elas. "Queres reformar-te? Isso não existe! Deixar de trabalhar só quando morreres? O quê? Não tens dinheiro para o funeral? Eh pá, azarito! É continuar a trabalhar!". E com isso tudo, mais anos a trabalhar, mais anos a descontar e a pagar impostos e essa cena toda. Está bem visto, sim senhor! São espertos!

Posto isto, valas comuns! Ora aí está o que deve ser um negócio em expansão! Dependendo da capacidade das pessoas em se revoltarem e decidirem morrer na mesma.

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