Vamos lá a ver, toda a gente sabe que isto da economia paralela é uma maçada, mas também toda a gente sabe que quanto mais se aumentam os impostos mais a malta faz o possível e o impossível para lhes escapar. Lá está, a fronteira traça-se naquele limite entre sermos contribuintes e sermos confiscados. E o nível de impostos agora roça muito mais o confisco. Eu acho. Mas isso sou eu que se calhar acho que me dava mais jeito a mim o dinheiro fruto do meu trabalho do que remetê-lo para pagar o buraco do BPN. Sim, porque eu acho que ainda ando a sofrer de uma úlcera depois de ter visto a Grande Reportagem da SIC sobre esses amiguinhos. Assim sendo, e porque em tempos difíceis as pessoas às vezes têm de se sujeitar a dois empregos, estou totalmente disponível para passar a, além de contribuinte-confiscada, exercer igualmente novas funções como fiscal das Finanças. Gostei deste método de contratação. Entrada directa para os quadros, sem necessidade de entrevista e testes psicotécnicos. Agora, só um pormenor, ó Gaspar. Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque, já sabes. Portanto, temos de nos sentar para conversar sobre a minha remuneração. Se não há dinheiro, não há palhaço. Portanto, se calhar como base negocial podemos discutir a partir dos 25 mil euros por mês, que é mais ou menos o que ganha o António Borges, para ser um idiota ao serviço do Estado. Eu também tenho uma veia de idiota, e também sei dizer baboseiras e fazer um bocado de palhaça. A negociação terá em vista, naturalmente, discutir o meu ordenado dos 25 mil euros para cima. Estou aberta a sugestões! Mas não me venhas com tretas, senão a solução será aproveitar aquele conselho do "Ide tomar no cú!", que até tem algum nível, dentro do género. Quase soa a coisa fina.