Sim, tive tempo para depilar as pernas (as duas)
Mas depois, no dia da Festa de Natal da Empresa, fui lanchar com o Semi-Deus antes de ir para casa da colega onde ia mudar de roupa e com quem ia para a festarola. Atrasámo-nos (eu pensava que não estava atrasada, porque julgava que iriamos mais tarde) mas supostamente deveria ter chegado mais cedo. Sendo assim, chegada a casa da minha colega, quando percebi que iamos sair dali a poucos minutos, enfiei-me no duche, vesti-me num ápice (tipo como me acontece todas as manhãs em dias de semana), calcei-me, pus um pouco de maquilhagem e lá fomos nós todas lampeiras.
Chegadas ao táxi, distraída levo a mão ao pesçoco para ajeitar o fio e, quando dou conta, estou a apalpar uma cena esquisita na gola do vestido. Sim, era a etiqueta. Curly Maria, um exemplo de classe e de pessoa habituada a estas lides de festas e vestidos e o coiso, tinha vestido o vestido (que lindo) com o detrás para a frente. Ah, coisa mais linda, a etiqueta a ver-se, pendurada na gola. Bom, disfarça, levanta a gola do casaco (felizmente era comprido), quando sai do táxi abotoa o casaco de cima a baixo, como se estivesse a morrer de frio, e assim que chega ao local da festa pede para ir ao WC porque estava muito aflitinha para fazer xixi (que mentirosa, que horror). E lá fui eu, a correr para o WC, despir o vestido para o voltar a vestir da forma correcta. Antes de sair do WC confirmei que tinha a etiqueta atrás e não à frente, que não tinha o vestido do avesso, nem tinha papel higiénico colado nas botas ou isso, ou as cuecas enfiadas na cabeça. E, pronto, não se passou nada! Classe, muita classe! É assim que se resolvem estes desaires de senhora.
E aprendam que uma senhora nunca se deve arranjar à pressa! É assim que surgem as histórias das senhoras que vêm para a rua de chinelos, com uma meia de cada cor, maquilhadas mas sem estarem penteadas, com as unhas de apenas uma das mãos pintadas. Tempo, uma senhora precisa de muito tempo. Isso ou de muitas criadas que tratem de mim.