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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Leitura Terminada

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Este livro pequeno e de escrita ligeira fez-me sentir um grande, grande peso nos ombros.

Tive momentos em que achei que me devia chicotear porque, infelizmente, me revi em algumas situações descritas pelo autor. Não em todas, felizmente.

Este livro é sem dúvida um abre olhos, um livro que nos faz parar, que nos faz questionar a forma como vivemos hoje em dia. As correrias, a falta de tempo, esta lufa-lufa para chegarmos a lado nenhum. Mal temos tempo para estar em família, para estarmos com os miúdos e, por vezes, quando temos, parece que precisamos de arranjar mais uma correria de coisas para fazer, sob pena de nos sentirmos vazios.

Ainda que o autor não nos acuse. É mais um discurso quase directo para com o leitor, um “então, já pensou nisto?”, “então, e se tentasse fazer de outra forma?”. Mas, sem dúvida que nos toca nas feridas e faz doer. Apesar da ligeireza e da forma divertida como nos fala do assunto. O que é uma forma muito inteligente de chamar a atenção. Parece que é só uma piadola, mas está tudo lá.

O final foi engraçado como forma de terminar um livro que não nos apresenta soluções para este problema. Se estão à espera de fórmulas mágicas neste livro, esqueçam. É um livro para nos fazer questionar e pensar, para nos levar a mudarmos algo dentro de nós, ou pelo menos para de vez em quando nos lembrarmos de que temos escolha e de que podemos fazer algumas coisas de forma diferente.

Não é fácil este equilíbrio, porque, claro, idealmente, respeitávamos todos os dias o nosso relógio biológico e o dos nossos filhos, tomávamos pequeno-almoço de novela brasileira, ainda lia um ou dois capítulos do livro do momento e só depois saíamos de casa. O que importava se chegávamos ao emprego ou às escolas à hora de almoço? E se ao fim de 2 horas de lá estarmos achássemos melhor ir andando para depois não ser uma correria ao final do dia, melhor ainda. Isto era capaz era de dar alguns problemas.

Portanto, é mesmo importante é tentar encontrar algum equilíbrio entre os momentos de adrenalina com os momentos endorfínicos, sem colocarmos em risco as nossas responsabilidades e as dos nossos filhos.

Eu confesso que hoje, por exemplo, estou num daqueles dias em que tinha passado na boa várias horas numa esplanada ao sol a ler. Mas pronto, não posso. Vamos respirar fundo e tentar levar com calma tudo o resto que ainda há para fazer depois do emprego e das aulas.

Recomendo bastante esta leitura. Apesar das correrias, é um livro que se lê facilmente, e que apela à reflexão sobre a qualidade de vida que temos hoje em dia.

Mais uma vez muito obrigada à Saída de Emergência por ter cedido este livro ao nosso projecto Book Swap lá do emprego. Sem dúvida que já correu pelas mãos de alguns colegas que são pais e foi bastante apreciado! Posso dizer que assim que saiu das minhas mãos já foi para as mãos de outra colega. :)

 

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Leituras Terminadas na Páscoa

Ainda me falta terminar o livro do Mário Cordeiro “Pais Apressados, Filhos Stressados” (mas já falta pouco). Mas quando fui de malas aviadas para o Alentejo na Páscoa não me apeteceu levar o Mário. Ficou de castigo em casa a descansar e levei dois livros novos.

Um deles, “A casa das meninas indesejadas” foi-me emprestado pela minha prima, com indicação de ser muito bom. “O Jardim Secreto” veio numa das minhas compras recentes e foi também na mala.

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Sinopse

Aos 16 anos, Maggie Hughes faz algo imperdoável aos olhos da família: apaixona-se e engravida. O nome do rapaz é Gabriel e a relação de ambos é proibida. A bebé vai chamar-se Elodie e não conhecerá o amor dos pais. Em vez disso, é enviada para um orfanato miserável, onde cresce sem saber o que é ter um lar e uma família.

E quando uma lei atribui mais dinheiro aos hospitais psiquiátricos do que aos orfanatos, a situação de Elodie piora dramaticamente. Juntamente com milhares de outros órfãos, é declarada atrasada mental. O orfanato transforma-se num hospital onde as crianças são submetidas a tratamentos para doenças que não têm, as janelas estão cobertas por grades e as aulas são substituídas por trabalho pesado.

Maggie, entretanto, faz os possíveis por ter uma vida normal. Mas não consegue esquecer a bebé que foi forçada a abandonar. Após um encontro inesperado com Gabriel, que faz ressurgir memórias avassaladoras do passado, ela decide enfrentar a sua perda. E começa então uma busca desenfreada pela sua menina e pela vida que lhes foi negada…

Joanna Goodman baseou-se em factos reais e na história da sua família para escrever A Casa das Meninas Indesejadas. Um romance que relata um momento negro da História e que é universal na abordagem aos laços indestrutíveis que unem mães e filhas.

 

Despachei este livro rapidamente. Tinha muita dificuldade em pousar o livro para ir fazer qualquer coisa. Ainda bem que o fim-de-semana foi de completa lanzeira.

A sinopse é muito self-explanatory para fazer o enquadramento da história. Os capítulos são curtos o que facilita também a leitura rápida.

Temos sempre de nos lembrar que o início da história decorre nos anos 50 onde estas situações de se retirarem crianças a mães adolescentes por serem "fruto do pecado" eram banais, como forma de impedir a vergonha na família.

Depois Elodie é apanhada na situação em que, por questões monetárias, o orfanato onde se encontra é de um dia para o outro convertido num hospital psiquiátrico e de repente as crianças são declaradas doentes mentais. Mais tarde é enviada para um hospital psiquiátrico a sério, com um médico que a declara doente mental, pelo simples facto de ser uma criança que não sabe certas coisas porque nunca delas ouviu falar ou as viu, enfiada desde bebé num orfanato, conhecendo apenas aquela realidade.

Estas partes da história são bastante comoventes, quer pela descrição de algumas atrocidades cometidas contra as crianças institucionalizadas, mas mesmo pelo próprio sufoco em si de as crianças se verem embrulhadas naquela situação sem forma de sair.

Os anos passam, Maggie refaz a sua vida, mas nunca consegue esquecer Elodie. E a dada altura percebe que tem mesmo de a conseguir encontrar.

Porque entretanto os anos passaram e as políticas mudaram, mas será que vai conseguir seguir o rasto de Elodie, mesmo contra tudo e todos que acham que o melhor era deixar o passado no passado?

A história é passada no Quebec e retrata bem a sociedade na época, principalmente as quezílias entre franceses e ingleses.

Admirei a coragem e persistência de Maggie, só tive alguma pena que não tivesse avançado mais cedo para a busca. Porque passaram realmente muitos anos e Elodie sofreu bastante na vida.

A história é baseada em factos reais, pois entre 1940 e 1960 foram várias as crianças órfãs declaradas doentes mentais pelo governo do Quebeque. Os Órfãos de Duplessis, assim apelidados por Duplessis ter sido primeiro-ministro na altura em que os orfanatos passaram a ser hospitais psiquiátricos, eram considerados frutos do pecado. Na sua maioria filhos de mães solteiras, foram sujeitos aos actos mais vis, desde lobotomias, ao uso de coletes de força, choques eléctricos e abusos sexuais, praticados por freiras e médicos das instituições. Muitas morreram em virtude estas atrocidades. Isto porque o Governo decidiu que as instituições psiquiátricas receberiam mais ajudas por parte do Estado do que os orfanatos e permitiu que os mesmos deixassem de existir como orfanatos transformando-se em instituições de saúde mental. Só depois de Duplessis sair do governo é que se começou a descobrir o que as instituições católicas tinham feito com estas crianças, que já adultas começaram a denunciar os maus tratos que tinham vivido nas mãos, sobretudo, de freiras e padres, tendo sido finalmente libertadas.

 

É uma história forte de amor. De amor entre Maggie e Gabriel, mas principalmente de amor entre uma mãe e uma filha, cujos laços são muito difíceis de quebrar. Ainda que se calhar tivesse gostado de um final um pouco mais explorado, especialmente porque a história vai tendo saltos temporais bastante grandes.

Dei-lhe 4 estrelas bem gordas no Goodreads (na realidade são mais 4,5) e é um livro que recomendo vivamente.

 

***

 

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Apanhei este livro numa das promoções da Wook e acho que na altura o comprei por duas razões: esta capa linda e maravilhosa e alguns comentários positivos escritos na página da Wook, bem como um bom desconto.

 

Sinopse

Mary Lennox, criança solitária e indesejada, chega da Índia para viver com o tio em Yorkshire. Entregue a si própria, pouco tem com que se entreter e começa a explorar a casa enorme e sombria, até que numa bonita manhã de sol se depara com um jardim secreto que muros cobertos de hera ocultavam. Pela primeira vez na sua breve e triste vida, Mary descobre uma coisa que merece a sua afeição e empenha-se em devolver o jardim à sua antiga glória. Quando o jardim começa a florir e a transformar-se como por magia, ninguém permanece indiferente.

 

Este livro faz parte do Plano Nacional de Leitura e é recomendado para o 3º ciclo, destinado a leitura autónoma. Só quando lhe peguei percebi que este livro já é bastante antigo, foi primeiramente editado em 1911.

E achei-o uma delícia! É um livro pequeno, que se lê avidamente.

É um livro cheio de ternura, que nos fala sobre crianças infelizes, indesejadas pelos pais que as tratam com indiferença, mostrando o quanto a falta de afecto numa criança a torna de tal forma doente e infeliz que fica feia, fisicamente e enquanto pessoa.

Mas também nos fala do quanto as crianças precisam umas das outras. Nos fala de pessoas simples e boas. E de alegria. E de brincar. E de acreditar em magia. E de as crianças conseguirem ser felizes com pouca coisa.

E do quanto precisam só de um bocadinho de motivação para acreditarem em si próprias e disparar a sua auto-estima. E do quanto precisam do contacto com a Natureza para desabrocharem, da mesma forma que as flores e as plantas precisam de sol e água e carinho.

Creio que esta obra infanto-juvenil pode e deve ser lida por pessoas de todas as idades e, apesar de ser bem antiga, está muito actual.

No fundo fez-me lembrar muito o conceito do forest bathing e do quanto o simples facto de estarmos rodeados por elementos da natureza nos faz de imediato sentir melhores, a nível físico e psicológico. Precisamos todos disto, mas precisam ainda mais as crianças.

Não vos vou contar nada sobre a história para lá do que podem ler na sinopse porque, num livro tão pequeno, é muito fácil entrar em spoilers.

A autora tem uma escrita cuidada e deliciosa, que nos encanta, diverte e comove.

Dei-lhe também 4 estrelas bem gordas no Goodreads.

Acho que todas as pessoas deviam ler este livro e creio que é um livro que vou guardar com carinho para, quem sabe, o reler com frequência.

Leiam esta linda história que nos fala da natureza como o maior símbolo de vitalidade e felicidade!

 

On your knees

Faz hoje um ano que fiz a cirurgia ao joelho.

Tenho momentos em que me arrependo de a ter feito, outros em que acho que foi a coisa certa.

Se por um lado deixei de dar aquelas quedas por falta de força no joelho e passei a fazer spinning, por outro lado parece que estou há um ano com o joelho sempre inchado, ficou pouco elástico e a dor é quase uma constante. Uns dias é uma moínha, outros dias dói-me que se farta.

E depois, deve ter sido em jeito de celebração do aniversário, este fim-de-semana dei uma queda no Alentejo porque tropecei nos sapatos do meu marido. E onde foi todo o impacto da queda? Nos joelhos, especialmente no joelho operado. Chorei que me fartei porque me doeu mesmo a serio.

E agora tenho o joelho ainda um pouco inchado e negro. 

Acho que problemas nos joelhos é sempre uma merda e isto as vezes desanima.

 

 

Leitura em Curso

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SINOPSE

Nunca houve, na história da Humanidade, tanta qualidade de vida como hoje. Mas, infelizmente, o ritmo de vida moderno tornou-se insustentável. Ainda de madrugada, sempre sob a tirania do relógio, começamos a correr de um lado para o outro. Com os filhos atracados, mais o computador e o telemóvel, entramos numa espiral trituradora que nos devora a alma, a saúde e o bem-estar. Os filhos dão-nos trabalho, como é normal, só que o sentimos como extenuante, indesejável, e são muitos (demais!) os momentos em que nos apetece fugir para uma ilha deserta. Pais apressados, subjugados pela ditadura do fazer e do ter, esquecem-se do ser e do estar, e as crianças sofrem e acabam stressadas com estes péssimos modelos. 

Pais Apressados, Filhos Stressados convida-o a refletir sobre tudo o que pode fazer para mudar a sua vida. Pequenas ou grandes decisões que vão ter um enorme impacto na sua qualidade de vida, e também na da sua família. A primeira decisão? Ler este livro e preparar-se para a mudança.

 

Bom, vou para aí na página 90 ou perto disso.

Já encomendei um chicote.

E tenho de rezar umas Avé-Marias ou isso...

 

Glup!

Leitura Terminada

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Sinopse

Uma tempestuosa manhã de Outubro. Num tranquilo subúrbio de Copenhaga, a Polícia faz uma descoberta terrível. No recreio de um colégio, uma jovem é encontrada brutalmente assassinada, e falta-lhe uma das mãos. Pendurado por cima dela, um pequeno boneco feito com castanhas.

A jovem e ambiciosa detective Naia Thulin é designada para desvendar o caso. Com o seu colega Mark Hess, um investigador que acabou de ser expulso da Europol, descobrem uma misteriosa prova sobre «o homem das castanhas», nome com que os media baptizaram o assassino. Existem evidências que o ligam a uma menina que desapareceu um ano antes e foi dada como morta: a filha da ministra Rosa Hartung.

Mas o homem que confessou o assassínio da menina, um jovem que sofre de uma doença mental, já está atrás das grades e o caso há muito tempo fechado. Quando uma segunda mulher é encontrada morta e, junto dela, mais um boneco de castanhas, Thulin e Hess suspeitam de que possa haver uma ligação entre o caso Hartung e as mulheres assassinadas.

Mas qual é a relação entre as duas mortes? Thulin e Hess entram numa corrida contra o tempo. O assassino tem uma missão e está longe de a terminar.

 

 

Este livro prometia e não me desiludiu!

A sinopse deixou-me desde logo de cabelos em pé. E foi sensação que se manteve durante grande parte do livro.

O livro é um excelente policial nórdico (acho que me inclino mais para o chamar de policial do que thriller), que era algo de que já sentia falta, um bom policial!

A história começa com um episódio que ocorre em 1989 e depois segue para o tempo presente. Só mais no final do livro vamos conseguir relacionar esse episódio com o resto da história, mas é um enquadramento que está brilhantemente feito.

Os crimes que vão ocorrendo são macabros e é um bocado sórdida, vá, toda aquela questão com os bonecos feitos de castanhas deixados junto às vitimas. Nunca me ocorreu olhar para castanhas como assinatura de um assassino. Por isso, as castanhas agora estão-me um pouco atravessadas, se é que me entendem.

É um livro de capítulos curtos, bastante gráfico, conseguimos visualizer perfeitamente o que é descrito, por isso seria óptimo para ser adaptado a um filme!

Criei imensa simpatia pelos dois detectives principais dos casos, a Naia Thulin e o Mark Hess. Este último nem estava muito interessado nos casos, mas depois há coisas que são mais fortes e quando se é bom polícia e se tem bons instintos, é muito difícil deixar as coisas passar ao lado.

E, portanto, se Hess inicialmente criou muita desconfiança por parte de Thulin, da chefia e restantes colegas, acabou por ser uma peça fundamental na resolução destes crimes.

E pessoalmente gosto quando se criam estas personagens, estes detectives, que são pessoas perturbadas, com passado, com bagagem e com muita coisa para lidar que os condiciona na forma como agem com os outros ou como reagem às coisas. Gosto quando os detectives dos policiais, para lá de serem inteligentes e intuitivos, são apresentados como aquilo que são, que é pessoas como todos nós, cheias de problemas e fragilidades. Mas que ainda assim usam as suas fragilidades como impulso para fazerem o seu trabalho o melhor possivel.

Ao longo do livro fui tendo vários suspeitos, matutei durante algum tempo num personagem em particular, mas depois faltava-me conseguir chegar à motivação. Porque qual era afinal a ligação com os bonecos das castanhas e com a filha de Rosa Hartung, desaparecida um ano antes (caso que ficou concluído com a captura de um homem, apesar de o corpo nunca ter sido encontrado)? Havia realmente uma ligação ou era só para criar o caos?

Não vos posso contar muito mais sobre a história, porque facilmente revelairia algo que não devo.

Mas recomendo vivamente esta leitura!

Adorei este livro, fiquei mega fã do Hess e foi um livro que me foi envolvendo lentamente, numa teia psicológica que me fazia pensar em vários cenários hipotéticos e em vários suspeitos, para depois ser completamente supreendida no final, quer com o assassino, quer com as motivações por detrás dos crimes.

Confesso que na altura em que é revelado o assassino pensei “bom, não é totalmente original, já vi episódios de series criminais em que o assasino era equiparado”. Mas as motivações foram, para mim, algo de completamente inovador e muito bem explorado pelo autor como um problema social.

No final só me irritou ali uma certa falta de acção do Hess, algo que eu gostaria que ele tivesse feito e não fez, ou pelo menos não fez logo e fica no ar se chegou a fazer.

E depois o ultimo capítulo é aquele tipo de twist que adoro, porque quando achamos que pronto, finalmente tudo se concluíu e podemos respirar fundo, é como se voltássemos ao início.

Confesso que fiquei a pensar se é livro que vai ter continuação. Se bem que acho que é perfeito se não tiver.

A única crítica que tenho a fazer a este livro é em relação ao tamanho da letra. O empolgamento que este livro me criou era algo que me devia ter permitido despachá-lo em, vá, dois dias. Mas tive mesmo de me refrear, sobre pena de ficar cegueta. Não sei se a Suma tem alguma parceria com lojas de óptica, mas se tiverem, eu vou querer usar, ok?

 

Dei 5 estrelas bem gorditas a este livro no Goodreads!

A vitória tem um preço!

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Finalmente tenho cá em casa o "Rainha Vermelha" que qualquer dia tenho de pegar!

Isto anda é sempre tudo muito depressa!

A Saída de Emergência decidiu partir este livro em dois, aparentemente (o que não agradou aos seguidores da série).

Mas pronto, para compensar, na compra deste livro há um de oferta!

Aproveitem!

 

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Leitura Terminada

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Já li alguns livros sobre a temática do Holocausto. Por exemplo os da Luize Valente, que gostei muito. Mas são livros que, apesar de incluírem alguns factos históricos e datas e números e de falarem em situações de que já todos ouvimos falar, acabam por ter uma grande componente de fantasia, principalmente no que toca às personagens centrais e às suas histórias.

Este livro foi dos mais fortes que li até ao momento, por ter tanto dado histórico factual, por nos contar a história de pessoas reais e por envolver, em grande parte, crianças.

O livro começa em Janeiro de 1945, já depois de os soviéticos invadirem a Polónia, mostrando o estado de devastação em que Varsóvia ficou.

E depois vamos para Maio de 1937, ainda antes do início da II Guerra Mundial.

E conhecemos uma Varsóvia ainda algo próspera e vamos aos poucos entrando na chegada da II Guerra Mundial, quando tudo eram ainda boatos e não se percebia bem o que estava a acontecer. E havia um certo descrédito por parte dos judeus de que certos boatos que não podiam ser verdade, por serem totais aberrações. Mas as notícias vão chegando, de outros países e de outras zonas da Polónia.

Misha e Sophia são um casal de estudantes que se conhece e apaixona e foge à ocupação nazi da Polónia, mas que é obrigado a regressar a Varsóvia e ao gueto da capital polaca. E Misha dedica-se a ajudar no trabalho do Dr Janus Korczak.

É quando se entra efectivamente na II Guerra Mundia que o livro atinge aquele ponto a partir do qual é sempre a subir.

A construção dos muros em volta de Varsóvia para fazer o gueto para os judeus, o desespero, o agravar da situação, a fome, a falta de condições, o contrabando para combater alguma fome, a morte, as lutas, as denúncias de alguns polacos (nem todos os polacos eram judeus e dos que não eram muitos tiveram o papel de denunciar judeus, levando à sua morte).

Felizmente no meio de toda esta desgraça, havia algumas pessoas boas, que se arriscaram muito para salvar os judeus.

Alguns polacos. Alguns soldados nazis (em troco de dinheiro, mas ainda assim). Misha, Sofia e as suas famílias. E o Dr Janus Korckak, um médico, psicólogo e pediatra que, antes da II Guerra mundial geria um orfanato, com base em teorias de grande respeito e amor pelas crianças e de conseguir sempre o melhor para elas. Depois do gueto de Varsóvia, ainda ajudou muitas outras crianças e, apesar da escassez de alimentos, fazia de tudo para lhes arranjar qualquer coisa de comer. E fazia de tudo, sobretudo, para as crianças continuarem a ser felizes e a não se aperceberem bem do horror que se estava a passar. Porque a sua instituição representava um pilar de esperança, dignidade e vida de cuidados e amor.

Misha e Sofia também são personagens reais (na contracapa vemos uma foto deles num dia especial, bem como uma foto do Dr Korczak com algumas crianças). Quando as coisas pioram, Misha e Sofia têm o seu amor algo dificultado pelas vicissitudes, tendo de estar separados muito tempo, lutando para sobreviver. Mas, como eles próprios dizem, a força do amor é tudo. Podem não ter mais nada, mas enquanto houver amor e se tiverem um ao outro, têm tudo.

O meu maior problema com este livro foi que eu li a sinopse na contracapa, mas não li a frase da capa.

E então, não sei porquê mas achei que o Dr Korczak tinha conseguido salvar as crianças do gueto. As do orfanato dele e muitas outras. Infelizmente não foi o que aconteceu e das cerca de 500000 pessoas dentro do gueto, talvez se tenham safado 1%.

Chorei muito, muito, muito. A parte das crianças (todas, as do orfanato do Dr, de outros orfanatos e de escolas) a serem encaminhadas e encafuadas no comboio que as levou directamente para Treblinka, onde todas as pessoas que lá chegavam eram directamente metidas numa câmara de gás, foi absolutamente horrível.

De todas as crianças que estavam no orfanato do Dr salvaram-se creio que duas, porque não foram apanhadas na corrente devido a andarem escapulidos nos seus contrabandos para arranjar comida.

O choque de todos, que nunca acreditaram que fosse possível tal coisa, até mesmo o choque dos polacos, que ainda não tinham percebido bem a dimensão das atrocidades, esse momento é crucial no livro. O momento em que as pessoas se dão bem conta da loucura a que estavam entregues.

A escrita é bastante fluída, os capítulos são curtos, é um livro que se lê rápido, principalmente do meio para a frente. A autora consegue pegar nos factos históricos e fazer-nos esquecer em certos momentos que são factos históricos, e faz-nos ter esperança que tudo corra bem. Mas depois quando não correm, trata tudo com tanto respeito, dá-nos tempo para sentir dor, dá-nos tempo para sentir emoção, dá-nos tempo para chorar, porque ao mesmo que a história é horrível é tratada com muita sensibilidade.

O livro conclui com a continuação da história de Misha e Sofia e deixa-nos fortes mensagens sobre o trabalho do Dr Korczak com as crianças, tendo sido inclusivamente com base no seu trabalho documentado que, anos mais tarde, foi elaborada a Declaração Universal dos Direitos das Crianças.

É um livro fortíssimo, que nos conta um episódio mais isolado da II Guerra Mundial que foi a criação do gueto de Varsóvia e do “campo de trabalho” de Treblinka. Como é natural, é um livro muito duro de se ler, porque por mais que a história se saiba, temos sempre aquela incredulidade. Voltamos sempre a questionar como é que foi possível isto acontecer. E parece que estamos sempre a querer mudar o curso da história. Queremos gritar para as páginas, queremos pedir por favor que pare a loucura e pedir que as coisas não aconteçam. E estas histórias são boas para recordar este vergonhoso episódio da história da Humanidade e, mais do que tudo, para homenagear um povo que sofreu atrocidades inimagináveis sem merecer. E, em particular, para homenagear estes “heróis silenciosos” que fizeram tudo o que puderam para ajudar a salvar ou a manter a dignidade deste povo.

 

Dei-lhe 5 estrelas bem chorosas no Goodreads!

 

Obrigada, Porto Editora pelo envio deste fantástico livro!

 

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...

Acordar os miúdos é interromper os seus sonhos. O que por vezes tem graça...

"Marcos, acorda, vamos para a escolinha"

"Espera, mãe, falta dar o nó em mais um elefante"

?!?!😂😂

"SECA" de Neal Shusterman e Jarrod Susterman

Sinopse

A seca já dura há muito tempo na Califórnia. E a vida da população tornou-se uma interminável lista de proibições: proibido regar a relva, proibido encher a piscina, proibido lavar o carro ou tomar duches longos. Até que as torneiras secam de vez. E é assim que, de repente, o tranquilo bairro onde Alyssa Morrow vive se transforma numa zona de guerra, onde vizinhos e famílias, outrora solidários, se digladiam em busca de água. Quando os pais da jovem não regressam e a sua vida é ameaçada, Alyssa tem de tomar decisões impossíveis se quiser sobreviver.

 

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Sobre os autores:

Neal Shusterman cresceu em Brooklyn e vive na Califórnia. É um autor premiado de livros para crianças, jovens e adultos e escreve para cinema e televisão. Pode consultar a página do autor em Storyman.com.

Jarrod Susterman vive em Los Angeles, escreve para cinema e televisão e é realizador de anúncios publicitários. Com o pai, Neal Shusterman, está a adaptar o livro Seca para cinema.

Pode consultar o Instagram do autor em @JarrodShusterman.

 

Uma novidade da Saída de Emergência, que promete ser um thriller fantástico que pode acontecer ainda no nosso tempo... e na nossa rua.

 

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