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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Leitura Terminada

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SINOPSE

Anda um assassino em série à solta nas ruas de Bóston. Os cadáveres encontrados indiciam uma brutalidade extrema: as vítimas são cortadas com um bisturi, os úteros são removidos e as suas gargantas cortadas. A polícia desespera para encontrar pistas para travar aquele a quem a imprensa já apelidou de o Cirurgião. Jane Rizzoli, uma detective dura e implacável e a única mulher na Brigada de Homicídios, está determinada a travá-lo. Thomas Moore, o outro detective encarregue do caso, encontra semelhanças perturbadoras com uma outra série de crimes ocorridos dois anos antes numa outra cidade. Poderá tratar-se-á do mesmo assassino? O problema é que o suspeito foi morto por uma das suas vítimas, a doutora Catherine Cordell, uma reputada médica actualmente a residir em Bóston. Será que o pesadelo de Catherine ainda não terminou? Terá o assassino regressado para acabar o que começou?

 

Antes de a Netflix ter aparecido nas nossas vidas, Rizzoli and Isles era uma série que gostava bastante de acompanhar. Creio que dava na Fox Life.

Uma amiga emprestou-me este livro e mais um outro da série. Este é o primeiro livro que inicia a série, se bem que neste livro a Isles não aparece, o que me levou a ter um determinado suspeito durante algum tempo. Mas depois não se veio a concretizar.

Achei que a Rizzoli foi bem apanhada na série em relação à descrição do livro. Sempre achei a Rizzoli muito gira, com aquele ar de durona, que não quer saber de roupas e maquilhagem, só quer mostrar que é competente no que faz, mas na verdade um coração de manteiga e bonita sem o saber.

Adorei esta história. A nível de investigação policial está bem conseguida. É bastante arrepiante pelo nível de detalhe anatómico dos crimes, pelas descrições que faz e pela forma como acompanha a mente perturbada do criminoso (depois deste livro será difícil não ter medo de determinado ambiente clínico). E é um livro que consegue pelo menos até determinada altura criar ali uma série de suspeitos diferentes. Mas depois conclui bem.

Gostei e fico com curiosidade de ler o outro livro que a minha amiga me emprestou desta série.

Mas dei-lhe 4 estrelas, porque comparando com outros policiais (por exemplo, o último que li do Sebastian Bergman com o qual tem aliás alguns pontos em comum), ficou um nadinha mais aquém. O do Bergman acabou por ter mais densidade psicológica. Mas é muito fixe!

 

Leitura Terminada

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SINOPSE

Um homem que passeia no bosque encontra o corpo de uma criança pendurado de uma árvore. Um cenário dantesco no meio do bosque. Pendurada do pescoço da menina, uma nota onde se lia: Viajo Sozinha.

Holger Munch, um homem solitário, experiente investigador da polícia norueguesa fica encarregue do caso e de formar uma unidade de investigação, na qual vai ter de integrar e procurar a sua anterior parceira na polícia Mia Krüger, entretanto afastada da civilização e a lidar com os seus próprios fantasmas.

Uma perturbada mas brilhante detective que será uma das peças chaves para desvendar o mistério que se vai adensado à medida que ambos descobrem que esta vítima é apenas a primeira, quando Mia descobre que também nas unhas da menina estava mais uma pista.

 

Um thriller enervante e cativante da primeira à última página!

Adorei a equipa de investigação e as complexidades em torno da personagem Mia. Uma personagem sofrida, mas muito inteligente. Só achei um nadinha, vá, rápida demais a sua evolução entre um grande estado de alcoolismo e toxicodependência para um capaz estado de alerta e participação numa investigação policial.

Esta história é muito arrepiante, especialmente porque os crimes envolvem crianças, o que dá logo aquele sufoco.

E aborda vários temas como a perturbação mental, a toxicodependência, o fanatismo religioso e a ganância.

Está uma história muito bem construída, criando bem os momentos de intriga e as reviravoltas, com um final que surpreende. 

Só não lhe dei 5 estrelas porque teria gostado de um final mais forte e mais fechado, mas pronto, o livro faz parte de uma série, para variar, e portanto, deixa algumas pontas soltas.

Mas adorei e devorei-o muito rapidamente! É um livro que recomendo. Leiam!

Leitura Terminada

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SINOPSE

Paris, meados da década de 80: a jovem V. procura nas páginas dos livros algo que preencha o vazio de afecto deixado pelo divórcio dos pais. Com treze anos, num jantar, conhece G., escritor, figura da elite intelectual parisiense, semblante de monge budista e «olhos de um azul sobrenatural». Desconhece a reputação sulfurosa de que o escritor de cinquenta anos goza e desde o primeiro olhar é conquistada pelo magnetismo daquele homem, pelos olhares que lhe dedica. Depois de um meticuloso cortejo de algumas semanas, V.entrega-se a G. de corpo e alma.

O idílio amoroso chega ao fim quando V. percebe, com uma terrível desilusão, que G. coleciona relações com adolescentes e que faz das sucessivas conquistas a matéria-prima da sua obra literária. Debaixo da aparência melíflua de homem de letras esconde-se um perigoso predador, enfeitiçado pela juventude das suas vítimas, encoberto por uma sociedade complacente.

Mais de trinta anos volvidos sobre os factos, Vanessa Springora narra, de forma lúcida e fulgurante, esta história de amor e perversão. Uma história individual - a sua história com o escritor Gabriel Matzneff - que espelha tantas outras e que expõe as derivas de uma época deslumbrada pelo talento e pela celebridade. Corajoso e comovente, este romance autobiográfico incendiou o meio literário francês e reacendeu o debate sobre o consentimento um pouco por todo o mundo.

 

Este livro é um enorme murro no estômago! Mexeu comigo, pela temática, deu-me raiva, irritou-me solenemente a mãe e o pai de V., tudo mexeu comigo.

Sabem que li apenas muito vagamente a sinopse e não me apercebi de que se tratava de uma obra auto-biográfica. Mas depois, percebi finalmente o que estava a ler, percebi quem era a V. e quem era o homem "encantador" que dela tinha abusado. E perceber isso tornou a leitura mais dolorosa ainda.

Infelizmente, não é uma história inovadora. É algo que já se passou, se passa e vai continuar a passar com outros jovens ou crianças. A pedofilia é um flagelo enorme e, apesar de muito mais informação sobre este assunto hoje em dia, continua a acontecer. E continua a ser difícil de travar.

Mas este relato é duríssimo e torna-se especialmente marcante pela forma lúcida e pungente com que a autora nos relata a história, nos fala do que sentia, do que sentiu depois e mostra a importância de este livro ter sido publicado, colocando a nú esta história, identificando a pessoa em causa, apontando o dedo de uma forma muito assertiva. Sim, foste tu! Não há como negar.

No final tive curiosidade de ir ver quem era o dito cujo. Uma decepção de homem, sendo que tive necessidade de associar a cara ao nome. 

https://www.publico.pt/2020/02/12/culturaipsilon/noticia/pedofilia-literaria-real-caso-matzneff-abala-franca-chega-quartafeira-tribunal-1903796

Um escritor aplaudido no meio por escrever ensaios como Les Moins de Seize Ans (Os Menores de 16 Anos), mostrando a sua predilecção por jovens com menos de 16 anos. Um escritor inserido num meio que defendia e defende que ninguém deveria ser julgado por ter relações sexuais fosse com quem fosse, tivesse que idade tivesse. Um nojo de gente acorbertada por uma espécie de estatuto, como se ser escritor lhe desse direito a ter este tipo de desvio comportamental, como se até fosse isso que o tornasse uma pessoa mais especial, com mais estilo, mais atraente.

É um livro muito curto, que se lê praticamente num ápice. 

E é um livro que recomendo muito!

 

 

 

Leitura Terminada

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Um livro que se inicia e se termina com um grande snif.

Porque, sendo totalmente diferente de todos os outros livros de Zafón, é um conjunto de contos inegavelmente Zafoniano. É um último sopro de escrita que nos chega postumamente e que me deixou honrada e triste ao mesmo tempo. Honrada por ter tido a oportunidade de descobrir este autor e por poder ler algo de tão bonito. Triste por ser um livro de adeus. Um livro de "lembrem-se de mim e leiam tudo o que escrevi e vos deixei".

Um livro de contos é algo de muito difícil de escrever. Conseguir criar uma história, conseguir provocar emoções, conseguir criar pontos de ligação com leituras anteriores, relembrar personagens. Mas, tudo isso nos é trazido por este último livro de Zafón. Só é pena ser tão curto. Mas é uma escrita inebriante e mágica, sempre com aquela atmosfera sombria e misteriosa que temos na saga iniciada com A Sombra do Vento.

Um autor maravilhoso que todos deveriam ler, pelo seu génio na escrita e pela enorme homenagem que faz a escritores, a obras memoráveis, a livros inesquecíveis.

E que me fez perceber que, por muitos livros que tenha para ler, preciso de reler os livros de Zafón.