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Bem, tenho mixed feelings sobre este livro. Gostei de algumas coisas, de outras nem tanto.
A autora traz-nos a história de Nádia através de narrativa de um grupo de mulheres de uma igreja cristã chamada As Mães, numa comunidade negra e noutros momentos numa interação mais direta com as personagens. Nádia é uma adolescente negra algo rebelde, em plena transição para a vida adulta, que tem algumas fragilidades porque não consegue lidar com o suicídio da mãe e tem uma relação algo difícil com pai, que se tornou uma pessoa mais amargurada e fechada depois de perder a esposa.
No meio da rebeldia de Nádia, acaba por se apaixonar e envolver com Luke, o filho do pastor da igreja, acabando por engravidar. Pela imaturidade de ambos, Nádia acaba por decidir e ter um aparente suporte de Luke na decisão de abortar. Mais tarde vamos perceber um pouco melhor essa decisão de Luke, que na verdade não foi exatamente sua.
Mas a decisão que pretende sanar algo que se tornaria difícil de lidar numa comunidade pequena e algo fechada, afeta todos os envolvidos e deixa marcas ao longo dos anos. Luke e Nádia acabam por se afastar e Nádia acaba por se ausentar durante uns bons anos, vivendo noutros países e dedicando-se aos estudos, não só por ser uma miúda inteligente, mas principalmente para não ter de lidar com situações difíceis.
Nesta comunidade, Nádia tem uma melhor amiga, Aubrey, e na história vamos também acompanhar a relação entre as duas, e entre Aubrey, Luke e Nádia, especialmente quando Nádia regressa para ajudar o pai.
É um livro que aborda algumas temática interessantes, como a religião, o racismo, o viver numa comunidade pequena, mas teve coisas meio desconexas que me fizeram arrastar um bocado esta leitura e depois na verdade os temas são todos abordados de uma forma pouco profunda. Faz algumas provocações mais do que tudo, mas não desenvolve. O leitor que reflita se quiser.
Os momentos narrados pel' As Mães, que no fundo são um conjunto de velhotas fofoqueiras que comentam situações e pessoas, ainda que todas tenham alguns telhados de vidro e problemas, pretendem quase ser uma voz moral, mas um nadinha podre. E surgem sempre de uma forma pouco encaixada no resto, eram quebras na narrativa que a dada altura me aborreciam mais do que acrescentavam.
E depois fiquei meio confusa com a escrita da autora. Tem momentos muito fluídos, que criam um bom ritmo e algum interesse. Mas depois tem quebras, tem momentos mais arrastados, o que faz perder imenso a dinâmica da leitura.
E sinto que a autora em certas alturas tentou fazer ali umas tiradas mais poéticas mas, mais uma vez, parece que caíam meio de paraquedas na história e perdiam o efeito. Na verdade, senti que o fio condutor não sera a direito, era cheio de cortes e estilos de escrita diferentes, como se fosse uma cena meio experimental.
Chegados ao fim, temos um final aberto e muito abrupto, em que ficamos com a sensação que todos perdem, o que deixa um amargo de boca.
Portanto, dei 3 estrelas. Acho que a autora pode ter algum potencial, mas neste livro não me agarrou assim tanto.