Leitura Terminada
Bolas, chorei tanto com este livro! Que coisa!
Chorei por tanta coisa, senti tanta emoção, tive tanta raiva, foi uma mistura tão grande de sentimentos que até é difícil de explicar.
Então, este livro fala-nos da relação de amizade (e amor) entre Nova e Mal. Amigos de infância partilharam imensos momentos juntos enquanto cresciam e mesmo enquanto adolescentes e início da vida adulta. Depois Nova foi para a Universidade, Mal arranjou trabalho, as vidas mudaram, foram-se tornando um pouco mais distantes, mas ao mesmo tempo contando sempre um com o outro para os momentos mais importantes. E amam-se seriamente, mas nunca confessam um ao outro durante anos a fim.
A dada altura, Mal casa com uma gaja completamente destrambelhada da marmita e a relação entre Nova e Mal fica cada vez mais difícil. Mas Nova tenta sempre apoiar o amigo. Que a dada altura lhe pede para ter um filho, sendo mãe de substituição para o casal, já que a Steph não pode ter filhos. Depois de muito ponderar, Nova aceita (é feita fertilização no corpo de Nova, sem haver contacto físico entre os dois, mas o filho é biologicamente de ambos). Depois Steph, quando percebe que pode existir algo muito forte entre Nova e Mal e que pode perdê-lo com o nascimento de um filho de ambos, decide que afinal já não quer brincar aos papás e obriga Mal e nunca mais falar com Nova. Isto com Nova já em gravidez avançada.
Nova acaba por ter a criança e por casar com um ex-namorado, com quem tinha tido vários começos e recomeços.
Agora Leo tem oito anos e está internado em coma no hospital, depois de uma cirurgia a um aneurisma, da qual não consegue acordar.
E Nova hesita sobre contactar o pai da criança, Mal, que nunca viu o filho pessoalmente, porque acha que ele tem esse direito (e se calhar com a esperança de que sentir a presença do pai seja uma ajuda para que acorde).
O livro vai alternando entre o discurso de Nova e de Steph, dando-nos diferentes perspectivas, fazendo-nos todas as revelações e dando-nos o enquadramento passado e presente para percebermos os acontecimentos e as motivações.
O livro é espectacularmente bem escrito, criando-se belissimamente o enredo e dando-se as revelações ao leitor nos momentos certos. É muito poderoso e comovente.
Só que Dorothy criou-me ao longo do livro uma esperança imensa de que todo o rumo final da história fosse num sentido completamente diferente.
E depois acontece tudo aquilo que eu não queria que acontecesse. E chorei muito, chorei de tristeza e chorei de raiva.
No final só há um acontecimento mais previsível para mim, mas até a esperança de que isso conduzisse a um happy end foi totalmente gorada.
No fundo, deixa-nos a pensar sobre o motivo pelo qual as pessoas não são honestas sobre os seus sentimentos, prejudicando-se toda uma vida, perdendo-se tempo com pessoas que não interessam quando o verdadeiro amor está mesmo ali ao lado. Não contando com o nó na garganta com que ficamos perante a simples ideia um filho verdadeiramente doente e às portas da morte.
Também aborda de uma forma bastante interessante o tema da maternidade de substituição e faz-nos pensar sobre a dificuldade de uma mulher abdicar de um bebé que se desenvolveu no seu corpo e ainda a temática da bipolaridade (se bem que eu achei a dada altura que era mais do que bipolaridade, havia ali alguma maldade de fundo).
Com tudo isto, apesar do desgosto, acho que é um livro que merece 5 estrelas pela capacidade de escrita e de nos fazer transbordar de emoções.