Leitura Terminada
Este livro foi gentilmente oferecido pela Saída de Emergência ao nosso projecto Book Swap já há algum tempo. Finalmente consegui algum tempo para lhe pegar, depois de o livro ter reaparecido na estante após ter sido requisitado por alguém que acabou por não o ler. Aunf!! Isto às vezes não é fácil...
É um livro que se lê bastante rápido porque o autor, apesar de abordar temas com alguma complexidade, fá-lo de uma forma ligeira e humorada.
No fundo, este livro é um desafio, um desafio para olharmos para as coisas de outra forma, para conseguirmos perceber melhor como nos relacionamos uns com os outros e como nos integramos no mundo. O que gostei mais foi de ter sido surpreendida porque achei que ia ser um livro demasiado na linha da autoajuda, cheio de dicas motivacionais e clichés, e não é nada disso!
O autor apresenta-nos bastantes dados de psicologia e sabedoria de vários filósofos como Nietzsche ou Kant, aborda questões políticas e religiosas e questiona a forma como nos relacionamos com o dinheiro, com a internet, com o nosso emprego, com a nossa família e tenta explicar por que razão tudo à nossa volta parece tão lixado, quando vivemos numa época tão mais evoluída e com acesso a tantos bens materiais e tecnologicamente avançada. Por que razão nos sentimos às vezes tão infelizes?
E o autor coloca como o vilão da história a esperança. Parece complicado? Sim, porque por um lado diz que o ser humano precisa de esperança, mas depois é a esperança que atrapalha tudo – a Verdade Desconfortável.
Gostei particularmente das definições bem-humoradas sobre o Cérebro que Pensa e o Cérebro que Sente e como por vezes nos deixamos dominar por este (sei bem o que é…).
Na verdade, é um livro que nos explica algumas coisas, que apresenta teorias sobre a psicologia humana e os relacionamentos, mas que acaba por não apresentar soluções, deixa-nos apenas a pensar nas situações para que consigamos talvez perceber que temos tudo para ser felizes e que apenas temos de ter sempre esperança e não nos podemos deixar afogar em frustrações, porque neste mundo de bens materiais sentimos sempre que temos de ter mais e mais e por isso nunca estamos satisfeitos.
Digamos que o autor nos diz algumas verdades desconfortáveis, coisas que não gostamos muito de “ouvir”, mas que são como aqueles ralhetes e puxões de orelhas que depois nos fazem bem.
Apenas me senti bastante desconfortável com o capítulo final porque aborda a temática da inteligência artificial, que é algo que mexe comigo, este pensar que um dia as máquinas podem substituir em muito a humanidade. Porque fico sempre a pensar em como fica o mundo depois disso e não o imagino algo de bom.
Bem sei que o ser humano tem esta coisa do Cérebro que Sente que às vezes atrapalha, mas é isso que nos torna tão complexos e interessantes. Como gostava de acreditar num mundo cada vez mais humanizado, não gostei muito da nota final, mas tem a ver com a minha perceção emocional e idealista sobre o mundo. Porque, lá está, tenho sempre esperança que a humanidade evolua para algo melhor…e não que desapareça ou deixe de ser necessária.
Recomendo esta leitura. É bastante interessante! Podemos não concordar com tudo o que autor diz, mas é uma abordagem diferente e até controversa, que nos deixa bastante material para refletir. O que é mesmo o mote da chancela Desassossego…“livros para pensar”.
Muito obrigada à Saída de Emergência pelo envio deste exemplar!