Leitura Terminada
Sinopse
Babushka está doente. Esta russa idosa, emigrante no Canadá, sobreviveu ao acidente nuclear de Chernobyl. Esconde no peito a doença que a obriga a respirar a contratempo e lhe impõe uma tosse longa e larga e comprida e sem fim — um mal que a faz viver mergulhada nas memórias do seu passado luminoso, a neve pura da Rússia, recordação sob recordação.
Na fronteira com a realidade caminha o seu neto mais novo, de dez anos, um menino que não desiste de puxar o fio à meada e de tentar devolver a avó ao presente. Para ajudar Babushka, precisa de encontrar uma solução para os seus pulmões destruídos, sacos rasgados e quase vazios — mesmo que isso o obrigue a crescer de repente e partir em busca de uma planta milagrosa, o segredo que poderá salvar a família e completar a matriosca que só ele vê.
Fiquei com este livro debaixo de olho com a opinião da Ana Lopes que vi no seu canal.
É um livro pequeno (o que me soube bem depois do livro pesadote da Kristin Hannah), mas que me demorou alguns dias a ler.
É uma história de amor entre um neto e a sua avó, que tem uma condição de saúde terminal, em parte por causa do acidente nuclear em Chernobyl, mas agravada por um cancro.
É um livro bastante emotivo e ternurento narrado sempre na primeira pessoa por este menino, cujo nome só surge muito subtilmente no final, com 10 anos.
Esta criança adora a avó e sofre muito com a ideia de ver a avó partir. E é então que alguém lhe fala sobre um cacto no México e ele mete na ideia que é isso que vai salvar a avó e acaba por andar numa doida aventura com um seu amigo sem-abrigo.
Gostei muito deste livro nesta perfectiva emotiva e de amor entre avó e neto. E na parte em que se percebia o quanto esta criança se sentia muito só, sem amigos e com um núcleo familiar muito centrado na avó, já que vivia com ela e com o seu irmão mais velho (muito desligado), sendo que a mãe já tinha partido e o pai os tinha abandonado há muitos anos. E na parte do medo desta criança em ser entregue a uma instituição quando a avó partisse.
Mas foi um livro que me custou um bocado a ler por causa desta narrativa enrolada, desde discurso sempre na primeira pessoa em blocos de texto que ocupavam frequentemente uma página ou mais. Não é normalmente uma estrutura de escrita que me agrade. Torna a leitura mais lenta e mais enrolada para mim. Em alguns momentos fez-me lembrar Saramago, ainda que João Reis faça muito mais uso da pontuação.
E em alguns momentos apreciei a inteligência e a curiosidade deste menino, mas de vez em quando achei um pouco forçado o discurso para uma criança de 10 anos. Porque tão depressa estava super à frente em pensamentos sobre o capitalismo e o comunismo como logo a seguir tropeçava em palavras como descendentes em vez de ascendentes…. Achei que havia alguma incoerência no discurso. Gostava mais do neto quando tinha os discursos mais próprios de uma criança de 10 anos, com as suas inocências, receios e dúvidas.
Ainda assim é um livro muito interessante que vale a pena ler.
Mas, por ter sido uma leitura que se arrastou, dei-lhe 4 estrelas no Goodreads.
Se calhar porque, relativamente a histórias de amor entre avó/neto, gostei muito mais do livro do Fredrik Backman.