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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Leitura Terminada

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A história nuclear deste livro é passada num fim-de-semana prolongado, ao longo de 6 dias, por alturas do Labor Day que ocorre nos EUA na primeira segunda-feira de Setembro e que assinala o regresso às aulas depois das férias de Verão.

 

Aqui acompanhamos Henry, que é filho de Adele, uma mulher sensível e frágil, afectada psicologicamente por um divórcio e pela perda. Henry tem 13 anos e a história é-nos trazida na sua perspectiva. Com todas as confusões normais na cabeça de um adolescente, que está também a passar pela fase da transformação hormonal e do despertar da sua sexualidade. Henry é um adolescente triste, que tem uma relação difícil com a sua mãe. Adora a mãe, mas não é fácil para ele lidar com uma mãe emocionalmente tão frágil, uma pessoa deprimida, que nunca quer sair de casa, que faz hoarding de comida enlatada e congelada para evitar ir ao supermercado, que quando vai ao banco fica no carro e manda lá o miúdo, etc. Ao mesmo tempo, a mãe é uma pessoa algo desprendida nas conversas (ou mais monólogos) que vai tendo com o filho, especialmente durante o jantar e, portanto, o Henry até não sente que existem coisas tabú, ainda que, como é normal nos adolescentes, preferisse não ouvir falar sobre certos temas, porque se sente envergonhado. Mas também é assim que fica a saber pormenores sobre a vida da mãe, sobre o pai e entende o que está por detrás da depressão da mãe.

 

Henry também não gosta muito dos dias em que vai ao pai, passar tempo com ele e a sua nova família (uma irmã bebé e um rapaz da sua idade que é filho da madrasta). A relação é bastante forçada, vão sempre ao mesmo sítio jantar, Henry sente que a madrasta dispensava bem a sua presença e não se sente ligado às outras crianças.

 

Um dia consegue convencer a mãe a ir às compras. E estão os dois na loja quando Henry é abordado por Frank, um homem que se encontra ferido e que o convence e à sua mãe a dar-lhe boleia e a acolhê-lo em sua casa. Rapidamente percebem que Frank é um criminoso que fugiu da prisão. E dar guarida a um criminoso foragido é crime.

 

Mas Frank e Adele fazem faísca desde o primeiro momento e Adele renasce enquanto pessoa e mulher, sente-se amada, respeitada e protegida como nunca se sentiu. Adele é uma mulher muito bonita, com um passado na dança, ainda em forma e isso não passa despercebido a Frank. E Henry, por mais que não queira, sente-se pela primeira vez integrado numa família durante aqueles breves dias…com um estranho, ainda por cima criminoso…

 

É uma história muito bem contada e que deixa o leitor numa constante tensão, ao mesmo tempo que passa muita emoção. Estamos sempre a pensar quando o Frank se vai passar e maltratar Henry e Adele, estamos sempre a pensar quando ele vai ser capturado e o que vai acontecer a Henry e Adele. E estamos sempre num constante dilema entre o nosso julgamento moral sobre um criminoso e ao mesmo tempo pensarmos que não sabemos se Frank foi justamente condenado e que o amor pode surgir quando menos se espera.

 

Henry conta-nos a história quando já é um homem adulto e recorda o impacto que este fim-de-semana e Frank tiveram na sua vida e em Adele. E como aprendeu sobre ciúme, traição, sobre respeitar os outros e sobre abdicar de algo em função do outro.

 

É uma escrita poderosa e tem um final interessante, que nos ensina sobre amor e espera.

 

Dei-lhe 4 estrelas no Goodreads. Não foi o melhor livro que já li, mas é muito interessante.

 

PS – Este livro foi adaptado ao cinema. O filme chama-se Labor Day (o título em inglês do livro) e é protagonizado por Kate Winslet e Josh Brolin. Eu tenho uma vaga ideia de algumas cenas deste filme. Lembro-me de ser um filme tenso, com alguns silêncios. Mas acho que não vi o filme todo. Deve ter sido um daqueles filmes que apanhei se calhar a meio e adormeci, mas gostava de o rever.