Leitura terminada
Yes, I did it!
God damn it, grande calhamaço!!
Bom, por onde começar...
Para lá das impressões iniciais (sendo que a cena de expressões em holandês e alemão sem tradução aconteceu mais vezes - ainda que em alguns casos eu tenha percebido a intencionalidade, que era sentirmos o que o personagem principal estava a sentir, precisamente o não perceber o que estava a ler ou ouvir)...
A escrita é simples, ainda que simples não queira dizer simplória, porque há frases bem bonitas e profundas (por exemplo, achei mais complexa a escrita do Cada Dia é um Milagre), mas o enredo é denso, intricado, perturbador.
Theo é uma personagem que me deixou perturbada, muitas vezes com aquela sensação de que já chegava de desgraças e confusões na vida do rapaz. Uma vezez protegido, outras vezes em total insegurança, andamos ali sempre no limbo a pensar quando é que alguma coisa de grave lhe vai acontecer.
Foi um jovem muito mal acompanhado na altura da perda da mãe, o que lhe deixou marcas profundas, para lá de problemas não resolvidos de como lidar com o trauma com que lidou (a explosão) e todos os sentimentos que isso lhe trouxe e que, lhe foram corroendo a personalidade. Sofreu muito sozinho.
Todas as outras personagens são muito secundárias, porque é difícil não nos centrarmos muito no Theo. É comovente a sua capacidade de adaptação e a forma como até soube dar a volta a certas situações, apesar da carga dramática que o rodeava.
É um livro que nos fala sobre o crescimento, a capacidade de adaptação às circunstâncias da vida, o amor, a amizade e a forma de encarar a arte. Como muitos de nós olhamos para um quadro, por exemplo, e este não nos diz nada, ao passo que para alguém esse quadro pode ser tudo.
É um livro que vale a pena ler. Pesa um bocado nos pulsos, faz mal aos olhos (letra pequena), mas é bom.
Só achei que os capítulos eram gigantescos. Uma pessoa às vezes tinha dificuldade em decidir em que sítio parar a leitura. Sim, porque apesar de haver comentários a dizer que é um livro que nos faz ficar acordados toda a noite, meus amigos, eu preciso de dormir qualquer coisa e tenho outras coisas para fazer, por isso, precisava de fazer pausas, mas muitas vezes irritava-me largá-lo naquela página. Parece que estava ali no sufoco de nunca mais chegar ao fim do capítulo.
Já perto do final do livro achei que houve ali uma pequena incoerência com o Boris, porque ele e o Theo começam ali com uma certa conversa existencial e filosófica, mas acho que ela se esqueceu que, até áquele momento, o Boris tinha um péssimo inglês. Mas durante aquela conversa, o inglês dele, a construção de frases não teve nada de errado. Depois voltou ao normal. Uma distracção?
Depois disto, tenho tanto, tanto livro para ler que não faço ideia o que ler a seguir. Mas acho que estou a precisar, claramente, de uma leitura mais leve (não só de peso propriamente dito, mas de escrita, mesmo).