Dizem que não devemos viver no passado. Devemos viver o presente e olhar no horizonte as perspectivas do futuro. Mas, nesta história, percebemos a importância do passado. O quanto é importante a pessoa ter um passado, ter uma história familiar, ter referências que lhe sirvam de base na formação da personalidade. Sem um passado há um enorme vazio, que deixa grandes inseguranças, dúvidas, medos. 

Achei este livro muito engraçado, na perspectiva em que tinha muitas vezes a sensação de que não estava a ler. E acho que isso é bom num livro. A história é fluída, a narrativa vai correndo por ali entre as páginas, mas uma pessoa sente-se como se estivesse, sei lá, sentada numa esplanada ao sol, ou sentada a uma mesa de cozinha, assim uma daquelas cozinhas rústicas e reconfortantes, a bebericar um chá, enquanto Vivien discorre sobre a sua história. Como se estivessemos a ouvir e até pudessemos trocar umas impressões com ela. E foi isso o que mais gostei neste livro.

Depois gostei também das descrições feitas por passagens em alguns locais por onde já passei em Londres, ainda que noutra época. E achei bem metidas as descrições de alguns pormenores históricos à volta da 2ª Guerra Mundial, dos refugiados (um tema actual), e de uma Londres dos anos 50 a 70, com referências aos skinheads e ao quanto isso afectou as pessoas. 

E notei estas alusões às roupas, ao sermos o que vestimos. Sendo que podemos vestir algo de que gostamos e escolhemos ou algo que temos de vestir. A importância do vestuário na forma como somos rotulados, de certa forma o quanto influencia a forma como os outros olham para nós.

As personagens têm alguma complexidade mas não são exploradas de forma muito profunda, o que nos deixa alguma margem para tirarmos as nossas próprias conclusões, para fazermos os nossos próprios julgamentos, porque as personagens ficam apenas ali com as suas vidas expostas, sem grandes considerações sobre as mesmas.

Em suma, é uma história bastante envolvente, que é emocionante e nos relaxa ao mesmo tempo. Se calhar nem estava à espera de gostar muito, mas gostei.