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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Leitura Terminada

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Terminado ontem, metida na caminha, mesmo na altura certa de apagar a luz e descansar os olhos!

 

Demorei imenso tempo a lê-lo, mas também era um bocadinho grande e o tempo tem sido escasso.

 

Como já tinha referido anteriormente, foi a minha estreia com este autor. Sei que não é o seu primeiro livro, as opiniões divergem muito em relação aos vários livros dele, e este acabou por me ser emprestado. 

 

Ora bem, neste livro acompanhamos o historiador Tomás Noronha numa empolgante aventura depois de o Director de Tecnologia da CIA ser encontrado morto no acelerador de partículas do CERN com uma pista que aparentemente indica o historiador como sendo o seu assassino.

 

Muita gente compara os livros de José Rodrigues dos Santos com os livros de Dan Brown. Em abono da verdade eu li o Código da Vinci (que adorei e me fez devorar páginas) e depois comprei mais dois livros de Dan Brown, do qual li apenas um que não gostei nem metade e o outro acho que tentei começar a ler e depois desisti.

 

O que é que encontrei de comum entre este livro e Dan Brown? Um dos livros de Dan Brown que li (não me lembro do nome) também começava com uma cena qulquer no CERN em Genebra. Também em comum a cena de alguém ser encontrado morto deixando uma "pista" que acaba por ser interpretada como uma acusação do nome do assassino. 

Saíndo deste ponto de partida, depois o livro funcionou de forma um pouco diferente.

Primeiro acompanhamos o episódio em que a mãe de Tomás Noronha "morre" mas depois volta a acordar e aborda-se a temática da experiência de estar entre e vida e a morte e de se sentirem ausentes do seu corpo e a visualizar coisas, seja algo que está a acontecer no momento, sejam pessoas do passado. 

Depois há toda uma perseguição pela CIA em que Tomás Noronha se vê envolvido, levando de arrasto Maria Flor, a directora do lar onde vive a sua mãe.

E, bem, como é que vos hei-de dizer isto? Uma pessoa aprende um bocado/muito com este livro sobre física e sobre física quântica. O que torna a leitura um pouco difícil em alguns momentos, para quem não perceba nada do assunto e que já nem sequer se lembra do pouco que deu na escola.

Este livro podia chamar-se "Manual de Introdução à Física Quântica" ou "Física Quântica for Dummies".

Conforme indicação do autor, todas as teorias científicas apresentadas são verdadeiras e baseadas em documentação/experimentação existente. Por um lado, sendo um tema complexo, uma pessoa até fica com umas luzes sobre o assunto. Por outro lado, em alguns momentos achei Tomás Noronha um pouco exaustivo. 

Percebo que não se consiga explicar física quântica num parágrafo, mas por vezes a mesma ideia era repetida vezes sem conta, quase sempre da mesma maneira. 

Achei que o autor deu demasiadas valências à personagem principal. Era historiador, mas também tinha conhecimento de criptografia e sabia a rodos de ciência e matemática e física. 

Não se percebeu bem qual era a formação académica de Maria Flor, mas a forma como era colocada em diálogos com Tomás Noronha sobre as teorias da física clássica e da física quântica, tornaram a personagem pouco credível. 

Até porque as conversas sobre essas teorias quase pareceram fluir melhor com Maria Flor do que com alguns elementos da CIA, esses sim mais ligados à ciência.

Tomás Noronha refere algumas vezes ao longo do livro que se não ficarmos absolutamente chocados com as teorias da física quântica então é porque não percebemos. Estou no bom caminho, então. Que aquilo é confuso, difícil de compreender e de aceitar. 

Não sei se toda a conclusão sobre a teoria do tudo é ficcional ou verdadeira, mas pareceu-me um bocadinho forçada e pareceu-me um bocadinho fácil demais que Tomás Noronha tivesse lido os documentos deixados por Frank Bellamy sobre o Olho Quântico quase na diagonal em poucos minutos e sobre pressão e percebido tão bem tudo aquilo. O homem era muito inteligente, pronto, mas em algumas alturas aquilo pareceu-me bom demais.

 

Em suma, gostei do livro, apesar do tema difícil que é introduzido, mas não foi, nem de perto nem de longo, o Código da Vinci de Dan Brown. A tentativa de levar o enredo pelo caminho de pistas seguidas até chegar ao empolgamento final não foi muito bem conseguido. Houve até coisas fáceis de adivinhar para mim, ou seja, algo previsíveis.

 

Mas José Rodrigues dos Santos faz, sem dúvida, uma coisa bem: escrever! Isso, reconheço amplamente. Deu gosto ler o livro, a escrita era fluída e clara, mesmo abordando temas tão complexos e pouco friendly para o comum dos mortais.

 

Tenho lidos algumas opiniões que dizem que este foi um dos livros piores de Rodrigues dos Santos, portanto, vou procurar ler mais qualquer coisa deste autor um dia, porque pelo menos já sei que escreve bem. 

 

Claro que, sendo um livro que aborda estas questões da física quântica e do Bosão de Higgs etc etc, deve ser um livro absolutamente odiado/contestado pela Ireja Católica, porque vem, naturalmente, contradizer toda uma teoria apresentada sobre a criação do Universo e sobre a forma como este se comporta.

 

E agora vou ali observar o Sol e o Mar, porque se eu não os observar então eles não são reais, segundo o que aprendi com este livro!