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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Leitura Terminada

Como vos referi anteriormente quis ler este livro porque me fez lembrar “Os Filhos da Droga” um livro que li na minha adolescência e que tanto me marcou. Aqui a temática era o álcool. Acompanhamos a história de Hannah mas, ao contrário do que acontece no “Os Filhos da Droga” o relato não é feito na primeira pessoa, mas sim por vários amigos, familiares e profissionais de saúde e outros que contactam com Hannah em diferentes momentos e situações e são eles que nos vão dando o desenvolvimento da história. Confesso que quando vi o índice de capítulos pensei “mas é preciso tanta gente? Isto vai ser muito superficial”. Mas até fizeram todos sentido e foi uma forma muito interessante de contar a história. Hannah apenas escreve na primeira pessoa no capítulo final, em que nos deixa em suspenso sobre qual terá sido o desfecho da sua história. Todas as pessoas envolvidas de uma forma ou outra contribuíram para conhecermos melhor a personagem principal e houve personagens de quem gostei mais do que outras (como é natural). Achei muito importante o papel de Sophie e dos seus pais, as pessoas que mais deram a mão a Hannah, mas achei os pais dela uma decepção como pessoas e como pais. E se calhar faltou-me um bocado mais de presença dos pais na história. A distância dos pais foi, provavelmente o que levou Hannah a se perder no mundo do álcool e assim foram ao longo do livro…distantes. “Os Filhos da Droga” é um livro muito mais chocante, muito mais descritivo e muito mais gráfico. Lembro-me de muitos momentos em que tinha de suspender a leitura e fazer uma pausa para evitar vomitar (sim, vomitar, que aquilo era pesado para o estômago). Este livro é muito menos assim, é mais psicológico e emotivo, mas não achei tão pesado (talvez pelo facto de ser criado aquele distanciamento da personagem principal ao termos a história contada por outras pessoas). É um livro que nos lembra o problema do álcool em Inglaterra. Os hábitos de bebida dos ingleses são conhecidos e deve haver muito mais alcoolismo do que pensamos. O facto de os jovens ingleses serem altamente reprimidos também é capaz de ajudar para isto. Quanto mais reprimidos são, mais vontade têm de experimentar o fruto proibido. Mas é chocante a facilidade com que menores de idade conseguem ter acesso a bebidas alcoólicas. E também há o que me parece uma “doença” genética ou a maior propensão para o alcoolismo quando há outros elementos da família que mostram como é bom beber com regularidade (o pai da Hannah também gostava da pinga, assim como o seu tio – irmão do pai, sendo que este para além do álcool teve um problema com as drogas). Anywhoo, foi um livro que adorei ler e que me alertou para os perigos e os sinais do alcoolismo, ainda que em alguns momentos me tenha faltado um pouco mais de contexto e de conteúdo.