Leitura Terminada e as Mudanças de Planos
Ah e tal, então mas não ias começar o livro do Yasmina?
Ia!
Mas, antes de começar a primeira página, lembrei-me de que tinha um jantar de primos hoje e que tinha na estante para ler um livro que uma prima me tinha emprestado o ano passado (no outro jantar de primos) e que se calhar, estando de férias, conseguia despachá-lo de modo a lho devolver, já que não a vejo assim com muita frequência. E assim foi. Terminei-o ontem à noite, já pela uma da manhã. Ou seja, bem a tempo do jantar de hoje. Que afinal foi cancelado, devido a cenas, e remarcado, pela segunda vez, para outra data.
Vamos lá a ver quando se conseguirá realizar o dito jantar, mas entretanto já devorei este livro da Lesley e isso nunca é um arrependimento, porque esta autora é brutal.
Sinopse
Até onde iria por amor?
Num dia…
Com um gesto apenas…
A vida de Mary mudou para sempre.
Naquele que seria o dia mais decisivo da sua vida, Mary - filha de humildes pescadores da Cornualha - traçou o seu destino ao roubar um chapéu.
O seu castigo: a forca.
A sua única alternativa: recomeçar a vida no outro lado do mundo.
Dividida entre o sonho de começar de novo e o terror de não sobreviver a tão dura viagem, Mary ruma à Austrália, à época uma colónia de condenados. O novo continente revela-se um enorme desafio onde tudo é desconhecido… como desconhecida é a assombrosa sensação de encontrar o grande amor da sua vida. Apaixonada, Mary vai bater-se pelos seus sonhos sem reservas ou hesitações. E a sua luta ficará para sempre inscrita na História.
Inspirada por uma excepcional história verídica, Lesley Pearse - a rainha do romance inglês - apresenta-nos Mary Broad e, com ela, faz-nos embarcar numa montanha-russa de emoções únicas e inesquecíveis.
Ah, Lesley, Lesley! Um dia apaixonei-me pela Matilda, e agora apaixonei-me pela Mary Broad!
Já sabemos que no núcleo das histórias de Lesley há sempre uma mulher forte, corajosa,determinada e arrebatadora, capaz de superar todos os desafios. Mas há umas personagens mais fortes do que outras. A Matilda foi muito especial. A Mary Broad também.
É um livro soberbo, uma história fantástica, um relato de época que nos faz sentir que estamos mesmo lá e que não podíamos estar mais próximos das personagens.
Mary Broad saiu da Cornualha para Plymouth para tentar a sua sorte e a coisa correu-lhe mal, porque, por causa de más influências, decidiu roubar um chapéu. E foi com isso condenada à forca. Mas entretanto enviada para uma colónia inglesa de prisioneiros, no outro lado do mundo, na Austrália. A história centra-se no que foi esta "aventura" de viajar como prisioneira num barco até à Austrália, nas condições mais deploráveis possíveis, no limiar da fome, com um sempre iminente risco de morte.
Acompanhamos ainda a vida de Mary depois de finalmente chegar à Austrália, de ter um filho e de ter um segundo, já com Will, naquilo que foi um "casamento" de sobrevivência. E da sua tentativa de fuga, para tentar a sobrevivência dos filhos em melhores condições.
É um relato brutal, muito crú e muito doloroso, com perdas muito difíceis.
Mas é uma história sobre sobrevivência, sobre resistência, sobre força, coragem, inteligência e superação.
E mais ainda, é algo fantasiosa, mas é inspirada numa história real. Mary Broad existiu mesmo!
É impossível não nos sentirmos nauseados em muitas partes, felizes noutras, com medo, com o coração aos saltos, com as lágrimas nos olhos, com um sorriso, com o coração apertado. Enfim, sentimos tudo na pele e é um livro brutal!
Não há um momento aborrecido, a capacidade de escrita e de nos manter agarrados ao livro é fantástica e, em suma, adorei!!
Gostei do final, ainda que, como a própria autora refere no final, não se acompanhem certas partes, mas isso eram mais umas 300 ou 400 páginas e também é bom deixar alguma coisa à imaginação. Só sei que fechei o livro e desejei ardentemente que dali para a frente Mary fosse bafejada com a sorte e a sua vida se enchesse de coisas boas, porque as desgraças foram muitas.
PS - uma pessoa não pode deixar de pensar no que tinham de passar estas pessoas naquelas alturas de miséria por roubarem um pão por estarem a morrer de fome, ou um chapéu, quiçá para ser vendido para comprar comida. Claro que roubar é crime, mas as pessoas passarem por isto por cenas tão mínimas é chocante. Depois olhamos para a moldura penal actual deste país por exemplo e é uma vergonha que violadores, pedófilos e ladrões a sério, daqueles que levam o sistema financeiro à ruína e um país à bancarrota, não sejam metidos num daqueles barcos para ficarem à deriva por aí...
Às vezes pergunto-me se a justiça de facto existe. Eu sei que é suposto ser cega, mas às vezes parece que não existe mesmo...