Bom, que dizer deste livro? Nunca tinha lido nada desta autora e acho que já há muito tempo que não lia um thriller ou um policial. E gostei, muito!

O livro é extremamente empolgante e uma pessoa quer sempre ler só mais um bocadinho. O enredo que é criado está mesmo feito para nos deixar sempre com a pulga atrás da orelha de modo a querermos perceber um pouco mais.

O livro vai alternando entre a vida presente de Annie Powers e a sua vida passada como Ophelia March. Vai-nos explicando a vida complicada que teve uma criança e adolescente, com pais que não lhe davam amor e atenção, com uma mãe que decidiu casar com um assassino e violador que se encontrava no corredor da morte e o quanto isso levou a uma sequência de eventos que destruiram a mente de Ophelia. Ophelia que "morreu" para dar lugar à nova identidade de Annie. Para estar protegida e poder escapar de Marlowe Geary. Mas será que está realmente protegida?

Annie/Ophelia sofre de distúrbios mentais, provocados pelos traumas que viveu, que a fazem ter constantes blackouts, fugas da realidade, em que não sabe o que faz. Em muitos momentos do livro há situações que não temos a certeza se Annie realmente as viveu ou se apenas as imaginou. A ténue fronteira entre a realidade e a imaginação.

E as pessoas de confiança à sua volta? São realmente de confiança? Ou as aparências enganam e nem só um assassino/sociopata consegue manipular e enganar os outros?

Um livro perturbador, intrigante, que nos leva numa viagem pelos meandros da mente humana mostrando o quanto pode ser complexa.

Em vários capítulos havia algo que me fazia reler uma frase, um parágrafo que continha uma qualquer informação que me fazia dizer "wait, what?".

Não deixem de ler, porque é um livro muito interessante, que me deixou o coração a palpitar em muitos momentos.

"Tive sonhos que se pareciam com a realidade e vivi realidades que deviam ser sonhos...Perdi enormes pedaços da minha vida; na minha memória há enormes buracos negros que engoliram meses, anos até. Não tenho esses episódios desde que Victory nasceu, mas sei que estão sempre à espera na periferia da minha vida, como abutres rondando um coiote que manqueja pelo deserto."