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Curly aos Bocadinhos

Curly aos Bocadinhos

Leituras terminadas

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Terminei a leitura deste livro ontem à noite. Se calhar ainda não estou preparada para dar a minha opinião. Acho que ainda não digeri bem o livro. Tenho mixed feelings em relação a ele. 

 

Se gostei? Sim, gostei. É um livro profundo, é um livro bonito, mas ao mesmo tempo houve vários momentos no livro em que senti nervos, muitos nervos. 

 

Tem uma mensagem bonita sobre a fé. Sobre a fé de uma criança? Sobre a fé de todos nós? Sobre a fé em geral? Sobre acreditar, sobre conseguir fazer milagres. Ou apenas sobre desejar que milagres aconteçam? Alguns "milagres" trouxeram algumas chatices. No fundo, acho que o único milagre que esta menina queria que acontecesse era que o pai gostasse dela. O que é profundamente triste.

 

E o final? Ainda estou a pensar afinal que final foi aquele. Ela fez ou não fez aquilo no final? Não fez, mudou de ideias? Ou fez mesmo e o final confunde-nos? 

 

Como vêem, estou confusa. Nem sei ainda como hei-de olhar para o final do livro. Mas houve coisas que me enervaram e coisas que me deixaram muito triste. 

 

Enervou-me em muitos momentos aquele pai. Mesmo! Uma criança criada sem um abraço, sem um beijo, sem um carinho, sem palavras de amor, que tristeza! Tudo porque o senhor estava zangado com ela, por algo de que ela não teve culpa, e porque colocava a religião acima de tudo. Ainda bem que alguma coisa mudou nesse aspecto. Mas não terá sido tarde demais?

 

Enervou-me aquele puto parvo. Mas que, no fundo, era um pobre coitado, com um pai que era uma besta.

 

Tive momentos em que me senti muito triste por aquela menina. O narrador da história é uma criança de 10 anos. A minha filha tem 10 anos. E acho que não conseguiria escrever aquela história. É demasiado pesada, demasiado intensa, demasiadas preocupações que não deviam fazer parte da vida de uma criança de 10 anos. Não me parecia ser possível aquilo ser o discurso de uma criança de 10 anos. Ou melhor, alguns discursos até me pareciam próprios de uma criança de 10 anos. Alguns pensamentos é que já não. E nesse aspecto parecia haver alguma incoerência entre o que ela pensava e o que ela falava. É capaz de ter sido isso que me enervou também.

 

Olhem, vou pensar sobre isto. Talvez discuti-lo com uma certa pessoa que já o leu. Acho que a opinião geral é de que gostei. Mas gostei com alguns nervos...

 

 

"O meu pai disse-me que há um monte de Algo no universo, e que o podemos ver e medir, e ocupa espaço e as coisas embatem ali e prosseguem o seu caminho. Mas para todo o Algo há a mesma quantidade de Nada, que não pode ser visto e não pode ser medido e as pessoas só o descobrem por acidente."

 

"Só porque o Nada é invisível não significa que não seja forte. É mais perigoso do que o Algo porque não conseguimos ver onde é que está e isso faz com que as coisas desapareçam."

 

"Como podemos saber se estamos a lidar com o Nada ou com o Algo? Como podemos ter a certeza se estamos dentro ou fora da caixa? Não podemos. E o problema é esse: o interior e o exterior, dependendo de onde estamos, parece ser exactamente o mesmo."